Este trabalho,  desenvolvido entre 2019 e 2020, trata da relação da mulher com os objetos do seu cotidiano, tendo por referência o movimento psíquico, que leva a vivência de padrões, potencializados pela invisibilidade e obsolescência social na envelhescência. Entre estes padrões está a acumulação.
As mulheres, ao envelhecerem, passam por mudanças que impactam as dimensões biológicas, estéticas, psicológicas, relacionais e profissionais. Entretanto, este momento, que pode ser libertador, é reprimido pelo paradigma que transforma o envelhecimento em algo não natural e doentio, a ser combatido e apagado. Existe uma questão ética calcada na valorização/desvalorização da senectude e na crise do paradigma cultural vigente, que leva ao etarismo.
Após a morte da minha mãe, a minha aposentadoria e a saída dos filhos de casa, resolvi reformar meu apartamento para transformar antigos espaços, cuja existência não fazia mais sentido, possibilitando a construção de uma nova identidade tanto do corpo-casa quanto do meu corpo emocional. Havia muitas coisas acumuladas ao longo do tempo que deveriam ser descartadas, mas antes foram fotografadas, a fim de garantir a existencia de memórias e de minha história.
As imagens produzidas durante as performances se converteram em testemunhas da minha história, rastros de memória de um passado verdadeiro e construtor da cartografia do meu ser.
Todo este processo resultou em autorretratos produzidos em longa exposição, com a posterior sobreposição digital de filamentos sanguíneos. O vestido usado durante as performances com os objetos foi costurado por mim, a partir da roupa usada no casamento da minha primeira filha. 
Durante o trabalho, percebi que diversas unidades de significado se revelaram, tais como: solidão, ninho vazio, menopausa, inutilidade, invisibilidade, morte, dor, modificação do meu corpo, marcas da passagem do tempo, cansaço, vergonha, memória, saudade, desconstrução, liberdade e ressignificação da envelhescência.
Segue uma pequena amostra das imagens produzidas
2º Lugar na Convocatória Internacional HuellArts Digital (Asociación Huellas de Mujer), Espanha, 2021.
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Amphemeral
This work (2019-2020) deals with the woman's relationship with objects in her daily life, having as a reference the psychic movement, which leads to the experience of patterns, potentiated by invisibility and social obsolescence in aging. Among these patterns is accumulation.
As women age, they undergo changes that impact the biological, aesthetic, psychological, relational and professional dimensions. However, this moment, which can be liberating, is repressed by the paradigm that transforms aging into something unnatural and unhealthy, to be fought and erased. There is an ethical issue based on the valorization/devaluation of old age and the crisis of the current cultural paradigm, which leads to ageism.
After my mother's death, my disability retirement and the children's departure from home, I decided to renovate my apartment to transform old spaces, whose existence no longer made sense, enabling the construction of a new identity for both the home body and mine. emotional body. There were a lot of things accumulated over time that should have been discarded, but before they were photographed. The images produced during the performances became witnesses of my history, memory traces of a true past and builder of the cartography of my being.
This whole process resulted in self-portraits produced in long exposure, with the digital superimposition of blood filaments. The dress used was sewn by me, from the clothes used at my first daughter's wedding. During the work, I noticed that several units of meaning were revealed, such as: solitude, empty nest, menopause, uselessness, invisibility, death, pain, modification of my body, marks of the passage of time, tiredness, shame, memory, homesickness, deconstruction, freedom and resignification of aging.
Follows a small sample of the images produced
2nd place in the HuellArts Digital International Convocation (Asociación Huellas de Mujer), Spain, 2021.