As plantas consideradas daninhas têm sido alvo frequente de eliminação na cidade e no campo. Elas são arrancadas do solo ou sobre elas pulverizados herbicidas. Utilizamos manuais classificatórios, que as descrevem e indicam formas de controle, aos quais recorremos para identificá-las nas praças e terrenos baldios no centro histórico de Cuiabá, considerada a capital brasileira do agronegócio e também Centro Geodésico da América do Sul.
As daninhas desenvolveram ao longo do tempo mecanismos de sobrevivência e resistência, para se adaptar às condições de vida adversas. Estas espécies são as primeiras a ocuparem solos degradados, onde outras não conseguem se desenvolver, sendo assim responsáveis pela manutenção da vida deste solo, para que possa receber com o passar do tempo outras espécies, proporcionando a reconstituição da flora nativa.
Mulheres consideradas daninhas têm na sua ecologia feminina a (r)existência nesta sociedade patriarcalista, machista, heteronormativa e euro-centrada, que se assemelha à ecologia das plantas daninhas em resistir ao agronegócio não sustentável, ao desmatamento, industrialização e urbanização desenfreada, sistemas estes colonizadores e constituídos de forma irracional ao equilíbrio ecológico e à justiça socioambiental.
Estas mulheres muitas vezes tiveram sua presença apagada nos relatos históricos, especialmente como protagonistas, depreciando a mobilização feminina, assim também as plantas daninhas são apagadas/retiradas dos canteiros e das monoculturas.
Após pesquisa bibliográfica percebemos a existência de convergências nas ecologias de mulheres e plantas consideradas daninhas numa perspectiva decolonial. Estas convergências, expressas imageticamente, mostram como elas, mulher e planta, são: libertárias, insurgentes, adaptativas, mestiças, fortes, colaborativas, andantes, solidárias, ousadas, entre tantas outras características que as unem.
Não é possível enfrentar as mudanças climáticas e a injustiça social sem incorporar estas características às sociedades como um todo, sem incorporar o outro, seja ele planta, bicho, pedra, gente, no processo de (r)existência e resiliência, afinal, tudo no mundo se mistura e se produz na mistura.

Colocasia esculenta Libertária inspiração

Dieffenbachia picta Oscilante destino

Cecropia peltata Planetária mestiçagem

Xanthosoma_sagittifolium Cósmica insurgência

Pteris vitata Reverdescente regeneração

Ricinus communis Rústica Elegância