Gama also states that "anthropophagic and anthropological concepts exist in these photographs, where reality and fiction are mixed in the construction of each image and in the way of feeling the city, under Gemma's eyes. A bit of concrete art is present in her imagery" .
The images presented in this work were taken from the reflection photographed in fragments of mirrors, which provided the deconstruction of reality and the formation of another, in the perspective of the complexity of Silvafreire's poetics.

- encurtando caminho.
- no anfíbio voo Condor,
apagando os rastros d’água da
Navegação Miguéis . . .
- colosso!, monstruoso!, viajei
de Corumbá pra Cuiabá, tão ligeiro, mas tão,
que nem caguei!

- novelo esconde o carretel
enchendo-se de pandorga
- bolita laurita/baredeira cascabuia
estalando na sacolinha de algodoim
encardida de pegação
de aposta . . .

(aquela amarração em cruz)
e as lininhas de ceroula de genovesa
no atrapalho:
(1 quipe – 2 béqui – 3 alfi – 5 linha)
... e o falar no hábito da forma
se destinando às miudezas

- Na ladainha das senhoras janeleiras:
- São Raymundo. Casa-se todo mundo.
São Bartholomeu. Que vos fiz eu?
São Severo. Casar-me também quero.
São Benedicto. Com moço bem bonito.
São Odorico. Que seja muito Rico.
São Roberto. Que seja também esperto.
São Ivo. Que seja sempre vivo.
São Eleutério. Que seja bem sério.
São Hilário. Que não seja perdulário.
São Estanisláu. Que não seja mau.
São Ezequiel. Que seja sempre fiel.
São Vicente. Que seja inteligente.
São Conrado. Que seja muito honrado.
São Agostinho. Que me ame com carinho.
São Henrique. Feliz com eu fico.
Santa Felicidade. Que faça-me a vontade.
São Clemente. Casa-me brevemente.
Santa Theodora. Que seja mesmo agora, tô apurada!

- mecanização do trabalho? Arrumação da pressa?
- não, armação de vidro empilhando a vida no placar de
9,15, 20 andares de fechaduras em suspeição . . .
(time do ter : 100 - -rime do Ser: 02)

- mesmo assim
ó lentidão horizontal de velocidade-à-mão-armada
que não vence nunca,
nunca de,
nem nunca a marca vertical
desse passado,
porque . . .

- Rua de Cima:
- a calma enlatada de Mario Mota, resistindo, com senadores Vilasboas e Vespasiano Martins ataque de balas vivas, vindo no clarear-do-dia, saído do Beco Alto . . .

Ladeira do Beco Alto
agora é puro cimento ondulado largos planos
e pouso ao pasto mineral de grilos . . .
nunca mais a bolina punheteira no desafio
adolescente . . .
( de nó-na-vista, uma nesga do casario colonial
amoitando promessas nos telhados de São Benedito . . .

- eco no beco
rateio do fato
no corte do encanto
- morte
- anais da morte
no beco
a ata
reclama
silhueta de morto

soletrando este livro crispado de nomes avivados no ar . . .
(progresso é vício alegre passarinhando)
mas . . .
- ó fisionomia pendular da história pespegando em nós!
(chamamento permanentemente do passado . . . )

- de bancos e bandos cavando, cevando
esgar-de-gralhas em concordatas frívolas . . .
- de clubes-recreio perfilando desfiles
na política de intrigas-de-etiquetas . . .

- inação
o canto acumula
o sem-pique
da lâmina
lápide
lapa

- por que você disse lá atrás que Cuiabá é uma cidade mágica?
- por que ela reinventa a sobrevivência . . .
- fala de novo
- o ouro acabou, o rio sustentou . . ., começaram matar a mãe da vida, o ouro
voltou!, mas vai matar o eco-homo-boi, com
seu porrete-tóxico, o
mercúrio e
a predação da terra.

- talvez até porque:
- de suas sombras ambíguas
mínimos de luz
perfuram silêncios cáqui . . .
- ou, porque:
- na idade do tempo contam-se:
um dia e uma noite
no tempo oceânico de tudo . . .

- acalmando a fera fluvial:
- minhocão do Parí tá bufano, seo Ilário!
- tjoga um pilão véio no rebojo, qu’ele sussega o pito!