"Cartografia Silvafreireana é uma exposição coroada pelas poesias de Benedito Sant'Anna da Silva Freire, um dos mais proeminentes poetas do interior do Brasil e introdutor do poema concreto em Mato Grosso, ainda indiviso. Vê-se, então, no longínquo Mato Grosso, uma literatura moderna. Silva Freire, um dos gênios da cuiabania ... É o autor universal deste rincão que 'cai nos braços do mundo' por retratar sua 'aldeia', tal como citou Tolstoi: 'Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia".(Willian Gama, curador).
Gama ainda afirma que "conceitos antropofágicos e antropológicos existem nessas fotografias, onde realidade e ficção se misturam na construção de cada imagem e na forma de sentir a cidade, sob o olhar de Gemma.Um pouco da arte concreta se faz presente na sua imagética ". 
As imagens apresentadas neste trabalho foram realizadas a partir do reflexo fotografado em fragmentos de espelhos, o que proporcionou a desconstrução da realidade e a formação de uma outra, na perspectiva da complexidade da poética silvafreireana. 
Esta trabalho foi financiado com os recursos do Programa Circula-MT Artes Visuais 2015 / SEC-MT. Foi apresentado nas cidades de Cuiabá, Cáceres, Rondonópolis e Rio de Janeiro (UFF)
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SILVAFREIREANA CARTOGRAPHY - OLHAR CUIABÁ
It is an exhibition crowned by the poetry of Benedito Sant'Anna da Silva Freire, one of the most prominent poets from the interior of Brazil and introducer of the concrete poem in Mato Grosso, still undivided. a modern literature Silva Freire, one of the geniuses of Cuiabania ... He is the universal author of this corner that 'falls into the arms of the world' for portraying his 'village', as Tolstoy quoted: 'If you want to be universal, start by painting your village." (Willian Gama, healer).
Gama also states that "anthropophagic and anthropological concepts exist in these photographs, where reality and fiction are mixed in the construction of each image and in the way of feeling the city, under Gemma's eyes. A bit of concrete art is present in her imagery" .
The images presented in this work were taken from the reflection photographed in fragments of mirrors, which provided the deconstruction of reality and the formation of another, in the perspective of the complexity of Silvafreire's poetics.
MOSTRA SELECIONADA
Para ver na íntegra veja o catálogo
- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V. I )presença na audiência do tempo(, pg. 176]

- encurtando caminho.

            - no anfíbio voo Condor,

            apagando os rastros d’água da

            Navegação Miguéis . . .

            - colosso!, monstruoso!, viajei

            de Corumbá pra Cuiabá, tão ligeiro, mas tão,

            que nem caguei!

- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V I. )presença na audiência do tempo(, pg. 202 ]

- novelo esconde o carretel

enchendo-se de pandorga

- bolita laurita/baredeira cascabuia

estalando na sacolinha de algodoim

encardida de pegação

de aposta . . .

 [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V I. )presença na audiência do tempo(, pg. 203]
- time de botão de osso/de 4 furos

(aquela amarração em cruz)

e as lininhas de ceroula de genovesa

no atrapalho:

(1 quipe – 2 béqui – 3 alfi – 5 linha)

... e o falar no hábito da forma

se destinando às miudezas

- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V I. )presença na audiência do tempo(, Pg 90]

- Na ladainha das senhoras janeleiras:

                        - São Raymundo. Casa-se todo mundo.

                           São Bartholomeu. Que vos fiz eu?

                           São Severo. Casar-me também quero.

                           São Benedicto. Com moço bem bonito.

                           São Odorico. Que seja  muito Rico.

                           São Roberto. Que seja também esperto.

                           São Ivo. Que seja sempre vivo.

                           São Eleutério. Que seja bem sério.

                           São Hilário. Que não seja perdulário.

                           São Estanisláu. Que não seja mau.

                           São Ezequiel. Que seja sempre fiel.

                           São Vicente. Que seja inteligente.

                           São Conrado. Que seja muito honrado.

                           São Agostinho. Que me ame com carinho.

                           São Henrique. Feliz com eu fico.

                           Santa Felicidade. Que faça-me a vontade.

                           São Clemente. Casa-me brevemente.

                           Santa Theodora. Que seja mesmo agora, tô apurada!

- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V. I )presença na audiência do tempo(, pg. 164]

- mecanização do trabalho? Arrumação da pressa?

- não, armação de vidro empilhando a vida no placar de

  9,15, 20 andares de fechaduras em suspeição . . .

   (time do ter : 100 - -rime do Ser: 02)

- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V. I )presença na audiência do tempo(, pg. 165]

- mesmo assim

                        ó lentidão horizontal de velocidade-à-mão-armada

                        que não vence nunca,

                                               nunca de,

                                               nem nunca a marca vertical

                        desse passado,

                        porque . . .

- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V I. )presença na audiência do tempo(, Pg 101]

- Rua de Cima:

 - a calma enlatada de Mario Mota, resistindo, com senadores Vilasboas e Vespasiano Martins ataque de balas vivas, vindo no clarear-do-dia, saído do Beco Alto . . .

- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V I. )presença na audiência do tempo(, pg. 54]

Ladeira do Beco Alto

agora é puro cimento ondulado largos planos

e pouso ao pasto mineral de grilos . . .

nunca mais a bolina punheteira no desafio

                       adolescente . . .

( de nó-na-vista, uma nesga do casario colonial

           amoitando promessas nos telhados de São Benedito . . .

- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V I. )presença na audiência do tempo(, pg. 149]

            - eco no beco

                        rateio do fato

                        no corte do encanto

                                                           - morte

            - anais da morte

                                   no beco

                                        a ata

                                   reclama

                                                           silhueta de morto

- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V. I )presença na audiência do tempo(, pg. 50]

soletrando este livro crispado de nomes avivados no ar . . .

       (progresso é vício alegre passarinhando)

    mas . . .

- ó fisionomia pendular da história pespegando em nós!

              (chamamento permanentemente do passado . . . )

             - [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V I. )presença na audiência do tempo(, pg. 51 ]

            - de bancos e bandos cavando, cevando

            esgar-de-gralhas em concordatas frívolas . . .

            - de clubes-recreio perfilando desfiles

            na política de intrigas-de-etiquetas . . .

- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V I. )presença na audiência do tempo(, Pg 150]

- inação

            o canto acumula

                    o sem-pique

                         da lâmina

                              lápide

                                  lapa

 - [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V. I )presença na audiência do tempo(, pg. 177]

- por que você disse lá atrás que Cuiabá é uma cidade mágica?

- por que ela reinventa a sobrevivência . . .

- fala de novo

- o ouro acabou, o rio sustentou . . ., começaram matar a mãe da vida, o ouro

voltou!, mas vai matar o eco-homo-boi, com

                            seu porrete-tóxico, o

                                               mercúrio e

                          a predação da terra.

- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V I. )presença na audiência do tempo(, pg. 45]

                                   - talvez até porque:

                                               - de suas sombras ambíguas

                                                                       mínimos de luz

                                                                       perfuram silêncios cáqui . . .

                                   - ou, porque:

                                               - na idade do tempo contam-se:

                                                                       um dia e uma noite

                                                                       no tempo oceânico de tudo . . .


- [Silva Freire. Trilogia Cuiabana, V. I )presença na audiência do tempo(, pg. 74]

- acalmando a fera fluvial:

                        - minhocão do Parí tá bufano, seo Ilário!

                        - tjoga um pilão véio no rebojo, qu’ele sussega o pito!

A totalidade das imagens da mostra fotográfica podem ser vistas no catálogo abaixo.
Expografia da mostra fotográfica 'Cartografia Silvafreireana'. (Imagens SECOM-MT)
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