Sessenta anos depois do Golpe de Estado em 1964, em vez de ocupar museus e galerias, a praça é utilizada como espaço público para evidenciar a convergência entre a resistência das plantas daninhas — que ocorrem em terrenos baldios, praças e parques de Cuiabá, resistindo ao processo de urbanização, queimadas, desmatamento e ao modelo de agronegócio, atividades insustentáveis ​​que contribuem para as mudanças climáticas — e as mulheres que foram presas e torturadas na "Torre das Donzelas", presídio utilizado para encarceramento, durante a ditadura militar.
Metaforicamente, na mostra ocorrida na Praça do Residencial Paiaguás localizada na região Norte da cidade de Cuiabá, mulheres e plantas estão “presas e amarradas no pau-de-arara” (método de tortura). Propomos uma analogia entre a resistência das mulheres presas políticas e das plantas daninhas. Ambas, prisioneiras e indesejadas pela sociedade, enfrentaram condições adversas: as mulheres compartilharam dores e saberes para sobreviver ao confinamento e à tortura, enquanto as plantas daninhas resistem às tentativas de erradicação e criam condições para que outras espécies cresçam. Ambas desafiam a extinção e demonstram resistência e resiliência.
Em meio à hostilidade de um Brasil que invisibilizou suas heroínas, as artistas Mari Gemma De La Cruz e Divanize Carbonieri utilizam linguagens híbridas (imagem e poesia) para homenagear dez mulheres, entre as muitas, que foram presas e torturadas, entre elas a mato-grossense Guida Amaral. Portanto, há um alinhamento entre a vida de mulheres e plantas que foram e são consideradas perniciosas ao sistema socioambiental vigente, e que resistiram e continuarão a resistir às condições adversas à vida.
Cada painel desta mostra apresenta duas mulheres que foram presas e torturadas e uma planta daninha, na seguinte sequência: 1) Guida Amaral, Jane Vanini e Botão d’Ouro; 2) Eva Teresa Skazufka, Ilda Martins da Silva e Samambaia Chinesa;  3) Dilma Rousseff, Leane Ferreira de Almeida e Cosmo; 4) Ana Maria Aratangy, Darci Miyaki e Mata-Brasil; 5) Janice Theodoro da Silva, Elza Lobo e Corriola.
Esta mostra é resultante do projeto cultural selecionado no edital Gambira Cultural, financiados com recursos do Governo Federal através da Lei Paulo Gustavo (2024).
AUDIODESCRIÇÃO DA MOSTRA NA PRAÇA DO RESIDENCIAL PAIAGUÁS
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